Foto: ROMAN PILIPEY/EFE/EPA
Os especialistas internacionais da missão da OMS (Organização Mundial da Saúde) que investigam a origem do coronavírus na China visitaram neste domingo (31) o mercado de Wuhan, onde foram detectadas as primeiras infecções da covid-19. Ontem, eles estiveram em um hospital de Wuhan, que tratou os primeiros pacientes com a doença.
A primeira pessoa que morreu, na cidade chinesa, em decorrência da covid-19 foi um homem que esteve precisamente no mercado de Huanan, fechado quase na sua totalidade desde o primeiro dia de 2020.
A parte conhecida como “mercado úmido”, que consiste em mil barracas onde se vendia carne de vários animais – de peixes a, segundo a imprensa local, faisões ou cobras – foi separada do exterior por enormes cercas. O segundo andar do mercado, que consiste em uma galeria com cem óticas, foi reaberto em meados do ano passado.
O zoólogo britânico Peter Daszak, um dos membros do grupo que compartilha informações sobre as visitas em sua conta no Twitter, escreveu hoje: “Ao caminhar pelo mercado de Huanan, você sente a importância histórica deste lugar e a compaixão pelos vendedores e (e os membros da) comunidade que perderam sua maneira de ganhar a vida para a covid”.
Peter Ben Embarek, o líder da equipe, explicou ontem à imprensa estatal chinesa que o grupo pretende ver os locais onde ocorreram estas infecções, descobrir quais os animais e produtos que foram vendidos e, “possivelmente”, falar com alguns dos lojistas que trabalharam lá durante os primeiros dias da pandemia.
Nesta manhã, antes de ir ao mercado de Huanan, os emissários da OMS visitaram instalações da cadeia de alimentos refrigerados em um mercado atacadista na cidade.
O jornal oficial Global Times aproveitou essas visitas para insistir em uma das narrativas promovidas pelas autoridades e pela mídia do país, de que o surto inicial em Wuhan poderia ter ocorrido devido ao fato de produtos congelados importados de outros países serem vendidos em Huanan.
Esses alimentos, então, teriam sido infectados com o vírus antes de chegarem à China. “Embora seja muito cedo para tirar conclusões, […] não pode ser descartada”, disse hoje o jornal.
Na verdade, as autoridades chinesas culpam os alimentos congelados importados do exterior e pessoas de outros países pelos últimos surtos no país, o que fez com que o número de casos ao longo de janeiro fosse o maior e batesse recorde mensal desde março de 2020.
Nos primeiros dois dias de investigações de campo, os especialistas da OMS visitaram dois dos hospitais que trataram os primeiros pacientes com covid-19 de Wuhan durante os estágios iniciais da pandemia.
Segundo a instituição, os pesquisadores também entrarão em laboratórios como o Instituto de Virologia de Wuhan, do qual algumas autoridades – entre elas, a já finalizada gestão Trump nos Estados Unidos – suspeitam que possa estar por trás do surto inicial da covid.
Por enquanto, a OMS se limita a apontar que “todas as hipóteses estão sobre a mesa” na determinação da origem do vírus e exige “o apoio, acesso e dados de que seus enviados precisam” para realizar investigações relevantes.
R7