O Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário deverá ter um crescimento de 10,9% em 2017, de acordo com previsão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O número faz parte da seção de Economia Agrícola, da Carta de Conjuntura nº 36, lançada nesta terça-feira (22). A seção traz dados e análises de diversos segmentos da economia agrícola.
Segundo o estudo, embora apresente uma participação relativamente modesta no Produto Interno Bruto (PIB) do país, que foi de 4,7% em 2016, o setor agropecuário se caracteriza por um alto nível de encadeamento com outros setores produtivos.
O Indicador Ipea de PIB Agropecuário apontou uma alta de 13,5% acumulada no ano até o mês de junho, com destaque para a lavoura, que cresceu 19,2% no período, enquanto a pecuária apresentou queda de 0,8%. Apesar desse elevado crescimento no ano, o indicador mostrou uma variação negativa de 2,9% no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior. Mesmo assim, a expectativa para o ano é de crescimento.
“O setor agrícola tem muitas peculiaridades. Enquanto a economia está numa direção, o setor está indo para uma direção diferente. Então, a análise do setor agrícola tem que ser diferente. Não é a mesma coisa que analisar a indústria e serviços. O que se produziu no setor, vai vender, ou no Brasil, ou exterior. Então mesmo que a demanda esteja aqui deprimida, [o produtor] consegue vender para o exterior”, analisou o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Jr., um dos editores da seção.
Empregos
Em tendência contrária à do PIB, o total de pessoas ocupadas no agronegócio caiu 3,9% entre o primeiro trimestre de 2017 e o mesmo trimestre do ano passado – passando de cerca de 18,7 milhões para 18,05 milhões de pessoas. Dentro do agronegócio, a maior redução no total de ocupados se deu no segmento primário, com cerca de 700 mil ocupações a menos, uma queda de 7,6% no primeiro trimestre de 2017.
Segundo o estudo, a geração de postos de trabalho difere da lógica da geração de valor na agricultura nacional. Por exemplo, culturas representando 70% do valor bruto da produção agrícola empregaram apenas 32% do pessoal ocupado nessas atividades em 2016. A soja, com 34% do valor bruto da produção agrícola, empregou apenas 4,7%. “Desse modo, diante da diversidade socioeconômica e tecnológica na agropecuária nacional, não se espera uma associação importante entre as oscilações do PIB e do pessoal ocupado no setor”, diz o texto.
De modo geral, há indicativos de que, provavelmente, a redução do pessoal ocupado se deu principalmente entre trabalhadores vinculados a atividades de menor importância econômica, localizados majoritariamente no Nordeste. A queda do emprego se deu principalmente entre os produtores rurais mais pobres e aqueles com menor grau de instrução.
Apesar da redução no número de pessoas ocupadas, na comparação entre os primeiros trimestres de 2016 e de 2017, verificou-se, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Trimestral, ganho real nos rendimentos médios: de 3,5% para os empregados, chegando a R$ 1.664; de 5,4% para os empregadores, chegando a R$ 5.260; e, de 2,9% para os trabalhadores atuando por conta própria, chegando a R$ 1.192.
com informações da Agência Brasil