Não há, na face terrena, algo tão onipresente quanto a presença de uma mãe.
Há, inclusive, quem diga que elas são justamente um presente de Deus.
Talvez através dela, Ele nos observe de perto enquanto somos frágeis,
indefesos, e nos proteja. E talvez por isso, pelo fato de tê-la sempre
ao meu lado, nunca havia imaginado dizer adeus.
Às 23h40 dessa quinta-feira mamãe deixou o nosso convívio para encontrar o seu lugar ao lado de Deus.
Presente nos momentos mais intensos e também nos mais singelos da minha
vida, ela sempre trazia consigo uma palavra de sabedoria para oferecer,
de luta para entregar e de bom humor para nos fazer sorrir.
Exemplo como mãe, também protagonizou como mulher ao subjugar todo o
preconceito da política e provar que não há vitória sem luta -, mas que
era possível vencer nesse universo muitas vezes desleal e desigual para
nós, mulheres.
Corajosa e apaixonada pelo que fazia, uniu lados, promoveu avanços,
revolucionou no estado ao realizar uma política social que defendeu
aqueles que mais precisavam.
A lista de feitos enquanto gestora é imensa, mas a lista de conquistas
enquanto mãe e mulher são também exemplos que merecem ser exaltados.
Posturas, palavras, olhares do dia a dia que ensinavam o melhor caminho a
seguir.
Lutou enquanto as forças lhe permitiram, não desistiu. Apenas acolheu o
chamado do Pai-Celestial que a convidou definitivamente para seu
convívio.
A coragem com qual guiou todos os seus passos em vida é o seu grande legado.
Agradeço a todas as mensagens de conforto, carinho e admiração que temos
recebido. Para todo o Rio Grande do Norte, fica a imagem da vitoriosa e
guerreira do povo potiguar.
Para mim, o exemplo de mãe e mulher, os quais continuarão firmes em meu
coração e como bussolas do meu caminhar, todos os dias, para manter vivo
não apenas seu nome, mas principalmente, seu espírito de luta, ousadia,
amor e vitória entre todos nós.
Muito obrigada por tudo, minha mãe. Vá em paz.
Te amo eternamente.
Márcia
Wilma cheirava a povo.
De tudo o que a política oferece, era do povo que ela mais gostava.
Além da mãe, Dona Sally, que se foi há 4 anos, era o povo que Wilma consultava antes de tomar decisões.
Era no meio do povo que ela sentia a temperatura de cada eleição; que ela sentia o tamanho do passo que poderia dar.
Era também no meio do povo que ela sentia – apesar de não expressar – a intensidade do seu erro.
Porque a política que muito acertou, também teve suas apostas erradas.
E foi no meio do povo que ela sentiu a verdade no coração de quem lhe
abraçava já doente, magrinha, com as defesas baixas e proibida pelos
médicos de fazer o que ela estava fazendo.
O abraço do povo era um bálsamo.
Um remédio que a medicina ainda não conseguiu produzir.
A Guerreira era inconfundível.
Como será incomparável.
Ninguém na política do Rio Grande do Norte terá em seu currículo, 3
mandatos de prefeito de Natal mais dois de governador, mais um de
deputado federal Constituinte, um de vice-prefeito da capital e uma
vitória de vereador.
Ninguém na história política do Rio Grande do Norte tem nem terá o
título de Guerreira por ter sido a guerreira que ela sempre foi.
Wilma fechou um ciclo num momento em que a política também fecha o seu ciclo.
Os dias de hoje, como a gente costuma se referir ao atual momento, não permitem mais tamanha ousadia.
Ninguém mais chegará ao que Wilma chegou.
Ela foi única e nesse quesito, de carisma, poder, interação com o povo e tamanho de currículo, ninguém a substituirá.
No dia de sua despedida, era cedo quando o vendedor de milho da Praça
7 de Setembro se aproximava do Palácio da Cultura, com lágrimas nos
olhos, querendo saber a hora que o corpo, que até aquele momento seria
velado ali, chegaria.