17/07/2022 17h57
215 milhões de brasileiros ficaram anestesiados quando souberam da canalhice que o médico anestesista, Giovanni Quintella, realizou na sua paciente. A delegada que apura o caso acredita que o anestesista é um criminoso em série. As enfermeiras só gravaram porque suspeitavam que os crimes realmente estavam ocorrendo. É muito provável que inúmeras outras mulheres tenham sido vítimas.
É claro que a classe médica é vital para nossa sociedade e a maioria esmagadora são bons profissionais, mas o problema é que temos uma minoria que pode ferir de morte os princípios de Hipócrates. Como podemos nos proteger deles? Dessa pequena parcela de médicos ou enfermeiros doentes que trabalham sem monitoramento algum, justamente num momento onde estamos mais vulneráveis, mais frágeis. O que fazer? Vamos depender que algum colega no hospital faça uma filmagem clandestina para finalmente registrar a cena infame? Seja estupro, maus tratos, falta de higiene ou qualquer outro tipo de deslize.
Imagine agora, meu incrédulo e assustado leitor, se a denúncia das enfermeiras fosse feita apenas verbalmente. Sem o registro das filmagens seria a palavra das enfermeiras contra a do médico, que se colocaria como perseguido e, em pouco tempo, seus amigos sairiam em sua defesa — atitude normal, pois ninguém acreditaria que uma história dessas pudesse acontecer.
Vamos fazer um raio-x e ver como outros países estão buscando a cura para essa questão. A Inglaterra encontrou uma forma barata de obter mais controle: o simples monitoramento com câmeras de vídeo. A National Health System (NHS) introduziu sistema de vigilância nas UTIs, pronto-socorros e quartos de hospital. São analisados desde se a equipe está lavando as mãos para evitar infecções até como está sendo aplicado as medicações. Logicamente com a aprovação prévia dos pacientes. Mas quem não autorizaria as imagens em troca de mais segurança? Ainda mais com a possibilidade de ser acompanhado pelos parentes através de aplicativos nos casos de internações. Quem não quiser, basta não assinar.
Se tivéssemos câmeras não aconteceria o caso da Prevent Senior, em São Paulo. Segundo o usuário da operadora, Tadeu Frederico Andrade, e o médico, Walter Correa de Souza Neto, que trabalhou na Prevent Senior e ajudou a revelar irregularidades na conduta da empresa, a questão é caso de vida ou morte. Andrade revelou que uma médica suspendeu os medicamentos que ele tomava na UTI para encaminhá-lo ao paliativo e, supostamente, reduzir o custo do tratamento. O caso é tratado como tentativa de homicídio — Não é a toa que a taxa de mortalidade nas UTIs da Prevent Senior foram bem acima da média.
Quem pode esquecer das enfermeiras que apenas furavam os braços de algumas pessoas e não injetavam a vacina da Covid? Só acreditamos porque foi filmado e amplamente divulgado nas redes sociais.
Ontem li sobre o ginecologista que foi preso no Ceará por estuprar as pacientes.
Diversos hospitais nos EUA estão indo além do monitoramento. Investindo em sistema de vigilância com inteligência artificial para detectar, entre outras coisas, quando um paciente apresenta risco de queda.
O Brasil está mostrando pequenos sinais de melhora. A Assembléia Legislativa do Estado de Goiás aprovou a instalação obrigatória de câmeras de monitoramento por vídeo nos hospitais públicos e privados. Teve 21 votos favoráveis e nenhum contrário.
Apesar de controverso, o prognóstico dessa vigilância é uma redução grande nas infecções, pacientes mais satisfeitos e equipe médica mais valorizada pelos resultados alcançados.
O caso é grave, mas tem tratamento. Quem sabe um dia poderemos dizer aos pacientes: sorriam, vocês estão sendo filmados.
Marcus Aragão
Instagram @aragao01
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