Por: Zidney Marinho Foto: PNTVPlay
“Nós somos um partido de esquerda, mas eu não acredito que o PT, sozinho, consiga vencer, derrotar o governo Bolsonaro. Então por isso que a gente precisa ampliar as alianças com quem pensa como nós, inclusive com partidos como o PSDB, que nós já enfrentamos em outras eleições”. Essa declaração é de Samanda Alves, engenheira pré-candidata à deputada federal, pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Samanda concedeu entrevista ao Potiguar Notícias 1ª Edição. A engenheira falou também a respeito de sua origem, seus motivos para se candidatar à Câmara dos Deputados e seus projetos caso seja eleita. A entrevista foi conduzida pela jornalista Andrezza Tavares.
No início da entrevista, Samanda discorreu sobre sua origem e caminhada. “Sou mossoroense, filha de professora aposentada e de ex-comerciário. Vim para Natal para estudar. Fui aluna da ETFRN (hoje IFRN) que, inclusive, foi onde comecei a minha militância política em defesa da educação”, lembrou Samanda. A engenheira afirmou também que acompanhou de perto a expansão dos IFs e UFs no Rio Grande do Norte, durante os governos petistas. “Quando vejo aquelas instituições no interior, como o IF de Ipanguaçu, o de Currais Novos, Parelhas, eu me emociono muito porque eu sei o valor de estudar perto da família. São mais de vinte IFs aqui no estado, onde antes só tínhamos dois”, destacou a pré-candidata à Câmara dos Deputados.
Sobre a pré-candidatura à deputada federal, Samanda afirmou que, desde o início, o foco de sua militância política foi a defesa da educação e das mulheres. Dessa maneira, quando se mudou para Natal, se aproximou ainda mais do PT, passando a integrar os bastidores dos mandatos de Fátima Bezerra como deputada federal, senadora e, atualmente, como governadora. Nessa caminhada, foram quase 20 de atuação política.
Somado a isso, a engenheira revelou ainda que, para se lançar como pré-candidata, levou em conta a história da mulher potiguar no cenário político nacional e estadual. “A primeira mulher a ter direito a voto no Brasil foi uma mossoroense. A primeira prefeita no Brasil foi uma potiguar. Quando, no Brasil, foram eleitas duas deputadas estaduais, uma foi aqui de Currais Novos, a Maria do Céu. A primeira manifestação feminista formal foi de uma potiguar, a Nísia Floresta. Nós temos hoje a única governadora mulher no Brasil. De 27 estados, apenas seis já tiveram governadora e o Rio Grande do Norte é o único que teve mais de uma governadora”, destacou Samanda.
Para Samanda, o RN tem grande importância histórica no cenário político brasileiro, sobretudo no poder executivo. Porém, em relação ao poder legislativo, o estado deixa a desejar. Como forma de exemplificar essa situação, a engenheira trouxe dado da última eleição, em que apenas uma mulher foi eleita – de oito vagas – para a Câmara dos Deputados.
Esta seria, portanto, a primeira motivação de Samanda para candidatar-se à deputada federal. “A gente coloca o nome para fazer essa discussão da importância da participação das mulheres na política, (visto) que somos maioria da população (brasileira). Então é um debate que a gente precisa fazer”, enfatizou a pré-candidata.
De acordo com Samanda, sua segunda motivação para se candidatar à Câmara dos Deputados é a atual conjuntura política nacional em que, para ela, o grupo das mulheres é o que mais sofre. “Quando, de repente, não é dada a atenção devida a uma pandemia, respinga mais nas mulheres. Ela tem que ficar em casa, cuidando do marido. Ela tem que, além de tudo, deixar de trabalhar porque tem um filho que adoeceu... Agora a questão recente das aposentadorias: a mudança na legislação da aposentadoria que aumentou o tempo de trabalho das mulheres. Se nós tivéssemos uma bancada mais forte, será que (isso) teria passado como passou?”, questionou Samanda.
Perguntada sobre a possível aliança de Lula com figuras de partidos de direita nas eleições presidenciais, Samanda frisou a legalidade da coligação entre partidos para disputas eleitorais e destacou que esse fator diz respeito à necessidade de diálogo como modo de governo. “A eleição que nós vamos vivenciar neste ano não é uma eleição qualquer. Todo mundo percebe a forma como o país está sendo conduzido e não será fácil fazer o debate, o enfrentamento e derrotar o governo Bolsonaro. Então, neste sentido, a gente precisa aglutinar forças com aqueles que não defendem o atual presidente”, argumentou.
Em seguida, a engenheira avaliou que a eleição presidencial deste ano tem um contexto diferente das eleições de 2018 – pois quem disputou com o PT está no poder – e 2002, quando Lula foi eleito presidente pela primeira vez. “A gente não tinha esse cenário. Me permita dizer: eu tenho uma avaliação que nós vamos enfrentar o neofascismo. Nunca, antes, na história do Brasil, a gente precisou enfrentar, de forma tão firme, o neofascismo. Então a gente precisa aglutinar forças. Eu sou do PT”, concluiu Samanda.