Derrota da presidente Dilma Rousseff. Na Folha de hoje:
Câmara adia aposentadorias no Supremo e tira nomeações de Dilma
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
A
Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (5) em segundo
turno uma emenda à Constituição que eleva a aposentadoria obrigatória na
cúpula do Judiciário de 70 para 75 anos.
A
chamada PEC da Bengala, que segue agora para promulgação, tira da
presidente Dilma Rousseff a certeza da indicação dos cinco próximos
ministros do Supremo Tribunal Federal, corte composta por 11 cadeiras.
A
nova derrota do PT e do Palácio do Planalto durante a gestão de Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara ocorreu por 333 votos a 144
(houve 10 abstenções).
Pelas
regras até então em vigor, cinco ministros do STF que completam 70 anos
até o final de 2018 teriam que deixar a corte antes do final do mandato
de Dilma (Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski,
Teori Zavascki e Rosa Weber).
Agora,
a petista só fará novas indicações para a mais alta corte do país caso
algum ministro deixe voluntariamente o tribunal antes da data de
aposentadoria compulsória.
Dilma
indicou cinco ministros para o STF em sua gestão. O último, Luiz
Fachin, ainda depende de aprovação do nome pelo Senado. Nos seus oito
anos de gestão, Lula indicou 8 ministros. Fernando Henrique Cardoso, 3.
A
aprovação da proposta foi combinada por representantes de nove partidos
governistas e da oposição em almoço na casa de Eduardo Cunha.
“Esta
medida faz um bem para a República, pois é um primeiro passo para
adequar todo o funcionalismo ao avanço da expectativa de vida [74,9
anos]. Do ponto de vista político, o país ganha ao anular essas
indicações [as de Dilma] contaminadas com viés político e ideológico”,
afirmou Bruno Araújo (PSDB-PE), líder da oposição na Câmara.
O
deputado Alessandro Molon (PT-RJ) negou que o partido seja contra
devido a uma mera disputa entre PT e PSDB. “O que está em disputa aqui é
uma PEC que contraria a posição de toda a magistratura e de todo o
Ministério Público brasileiro. Uma PEC casuística que engessará toda a
carreira do Judiciário”.
REGRAS
A emenda à Constituição eleva a idade de aposentadoria compulsória para os ministros de todos os tribunais superiores.
A
aposentadoria obrigatória no restante do funcionalismo, incluindo os
integrantes do Legislativo e Executivo, continua aos 70 anos, mas a
emenda estabelece que esse limite também pode subir para 75 anos caso
seja aprovada uma lei complementar.
Excluídas
as implicações políticas, os críticos da medida dizem que a mudança
dificultará a renovação no Judiciário e em todo o funcionalismo, caso
haja a extensão da medida. “Estamos discutindo aqui o acúmulo de poder,
que não se renovará se essa PEC for aprovada”, discursou o deputado
Henrique Fontana (PT-RS). Entidades representativas do Judiciário são
contra a medida.
Já
os defensores argumentam que devido ao aumento da expectativa de vida
nas últimas décadas não há razoabilidade em retirar do serviço público
pessoas que poderiam ainda ter muito a contribuir com o país. “Estamos
valorizando a experiência das pessoas”, disse Nilson Leitão (PSDB-MT).
Aprovada
em 2005 no Senado, a PEC voltou a ganhar força após Cunha derrotar o PT
em fevereiro e se tornar presidente da Câmara. Ele já instalou,
inclusive, uma comissão para discutir projeto que altera o atual modelo
de indicação de ministros para o STF.
Hoje
a tarefa cabe ao presidente da República. O indicado tem que ter o nome
aprovado pelo Senado. A proposta encampada por Cunha estabelece uma
divisão entre Legislativo, Judiciário e Executivo da responsabilidade de
indicação dos integrantes do STF. Eles teriam, ainda, um mandato de 11
anos.
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