A Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) lançaram nesta quarta-feira (25), o Manifesto em Defesa da
Democracia. A cerimônia aconteceu na sede da CNBB, em Brasília, com a
presença dos presidentes das respectivas entidades – o arcebispo de
Aparecida (SP), cardeal Raymundo Damasceno Assis, e o advogado Marcus
Vinicius Furtado Coêlho. Participaram do lançamento autoridades civis e
políticas, sacerdotes, religiosos e representantes de entidades e
organismos.
O Manifesto é uma iniciativa da Rede de
instituições que compõem a Coalizão pela Reforma Política Democrática e
Eleições Limpas, para a mobilização em torno do Projeto de Lei de
Iniciativa Popular e da defesa do Projeto de Lei (PL) 6316/2013, em
tramitação na Câmara dos Deputados. A leitura do Manifesto foi realizada
pelo presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis.
Confira a íntegra do texto:
MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA
Considerando as graves dificuldades
político-sociais que afligem atualmente o País, a Presidência da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – e a Ordem dos
Advogados do Brasil – OAB – se veem no dever de vir a público expressar
– a exemplo do que já fizeram em ocasiões semelhantes anteriores – a
convicção de que acima das divergências políticas, naturais numa
República, estão a ordem constitucional e a normalidade democrática.
Aos três Poderes da República cabe
relacionarem-se entre si, de maneira independente, porém harmônica e
cooperativa, não se admitindo que dissensões menores ou interesses
particulares – de indivíduos ou de grupos – possam comprometer o
exercício das atribuições constitucionais que a cada um deles compete
exercer. Submetidos que são tais Poderes ao primordial princípio
democrático pelo qual “todo poder emana do povo e em seu favor deve ser
exercido”, cumpre-nos lembrar que as decisões deles emanadas somente se
legitimam se estiverem adequadas a esse princípio maior.
A inquestionável crise por que
passam, no Brasil, as instituições da Democracia Representativa,
especialmente o processo eleitoral, decorrente este de persistentes
vícios e distorções, tem produzido efeitos gravemente danosos ao próprio
sistema representativo, à legitimidade dos pleitos e à credibilidade
dos mandatários eleitos para exercer a soberania popular.
Urge, portanto, para restaurar o
prestígio de tais instituições, que se proceda, entre outras inadiáveis
mudanças, à proibição de financiamento empresarial nos certames
eleitorais, causa dos principais e reincidentes escândalos que têm
abalado a Nação, afastando-se, assim, a censurável influência do poder
econômico do resultado das eleições, o que constitui uma prática
inconstitucional, conforme os votos já proferidos pela maioria dos
Excelentíssimos Senhores Ministros integrantes do Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI
4650), ora em andamento naquela egrégia Corte.
Em vista do exposto, as entidades
abaixo firmadas entendem inadiável a aprovação nas Casas do Congresso
Nacional de uma Reforma Política Democrática que estabeleça normas e
procedimentos capazes de assegurar, de forma efetiva e sem influências
indevidas, a liberdade das decisões do eleitor.
Com este Manifesto, a CNBB e a OAB,
unidas a inumeráveis organizações e movimentos sociais integrantes da
sociedade civil, conclamam o povo brasileiro a acompanhar ativamente a
tramitação, no Congresso Nacional, das proposições que tratam da Reforma
Política e a manter-se vigilante e atento aos acontecimentos políticos
atuais para que não ocorra nenhum retrocesso em nossa Democracia, tão
arduamente conquistada.
Para tanto, é necessário que todos
os cidadãos colaborem no esforço comum de enfrentar os desafios, que só
pode obter resultados válidos se forem respeitados os cânones
constitucionais, sem que a Nação corra o risco de interromper a
normalidade da vida democrática. Por fim, reivindicam as entidades
subscritoras que, cada vez mais, seja admitida e estimulada a
participação popular nas decisões que dizem respeito à construção do
futuro da Pátria, obra comum que não pode dispensar a cooperação de cada
cidadão, de cada organização, dando-se, assim, plena eficácia ao
conteúdo do artigo 14 da Constituição da República.
0 comentários:
Postar um comentário