Enquanto as propostas de mudança nas regras do pacto federativo se
arrastam no Congresso, os municípios brasileiros vão acumulado
dificuldades em função da queda nos repasses federais e das novas
atribuições nas áreas da Saúde e da Educação. Este mês, o Fundo de
Participação, principal fonte de recursos de 80% das prefeituras
potiguares, terá queda de 30% em relação a maio, colocando em risco até
mesmo o pagamento da folha salarial em dia.
Levantamento feito pela Tribuna do Norte no banco de
dados do Tesouro Nacional mostra que 71 prefeituras do RN tiveram
“saldo zero” no repasse da primeira cota, no dia 10 deste mês. Isso em
função da queda brusca nos dois impostos que constituem o Fundo de
Participação – o Imposto de Renda, que bateu recorde de restituição em
julho, e o Imposto sobre Produtos Industrializados, em função da
renúncia fiscal para acelerar as vendas de eletrodomésticos da linha
branca e desencalhar os pátios das montadoras de automóveis.
O valor total do repasse – R$ 444,2 milhões para mais de 5,5 mil
municípios – foi tão baixo que o fantasma do “saldo zero” voltou a se
repetir, atingindo 49 prefeituras do Rio Grande do Norte na segunda
cota.
“Saldo zero” é um termo usado pelos prefeitos para definir a situação
de dificuldade nos repasses do FPM. Ele ocorre quando o valor
depositado é igual as retenções para a Educação (Fundeb), Fundo
Municipal de Saúde, Pasep e recolhimento das contribuições
previdenciárias. “A situação é muito preocupante”, disse o ex-presidente
da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), Benes
Leocádio, em declarações recentes à TN.
Pelas projeções da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), as
prefeituras receberão em 2012 quase R$ 3 bilhões a menor que a
estimativa feita no início do ano. “O estimado era R$ 76,7 bilhões, mas
com a primeira reprogramação orçamentária do governo, a estimativa caiu
para R$ 73,8 bilhões”, disse o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski.
Ele lembrou que Fundo somou R$ 35,8 bilhões no primeiro semestre.
“Projetamos o valor de R$ 37,1 bilhões para este segundo semestre, e o
total do ano de R$ 73 bilhões”, calculou.
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