A memória do educador potiguar Luís da Câmara Cascudo foi reverenciada pelo Senado Federal na tarde desta quarta-feira (3) em virtude da passagem dos 25 anos de seu falecimento.
A homenagem ocorreu na hora do expediente, primeira parte da sessão deliberativa, e contou com a participação de grande número de políticos e personalidades do Rio Grande do Norte.
O primeiro a discursar foi o senador Paulo Davim (PV), autor do requerimento da homenagem a Cascudo.
"Falar sobre Luis da Câmara Cascudo é para mim um misto de honra, orgulho e até de ousadia. Honra porque não resta dúvidas de que Câmara Cascudo não só fez parte daqueles que se notabilazaram pelos seus grandes feitos. Mas, sobretudo, porque ele foi responsável por notabilizar a pesquisa brasileira, os estudos etnográficos, nossos costumes e nossa cultura", disse Davim
Acrescentando: "Orgulho - pela unanimidade do reconhecimento do valor deste homem e da sua vasta obra. E ousadia - porque diante de tão grandiosa obra e legado deixados por ele, qualquer tentativa de resumir em poucos minutos o que ele representou na história cultural brasileira, pode soar rasteiro, cérceo de todo o merecimento que lhe é de direito".
Educador, folclorista, historiador, jornalista, advogado, antropólogo, etnógrafo, professor, ensaísta, tradutor, geógrafo, linguista, memorialista, biógrafo e poeta, Luís da Câmara Cascudo nasceu em Natal aos 30 de dezembro de 1898, vindo a falecer em 30 de julho de 1986, também na capital do Rio Grande do Norte.
Paulo Davim afirmou ser praticamente impossível mensurar a envergadura da contribuição à cultura brasileira deixada por Câmara Cascudo. "Com uma obra vasta e ousada o educador deixou um grandioso legado, fruto de uma imensa curiosidade intelectual", afirmou Davim.
Acrescentando: "A estatura do grande potiguar e brasileiro, sua trajetória de vida e sua enorme contribuição à cultura de nosso país justificam plenamente esta homenagem do Senado".
O senador destacou que Câmara Cascudo valorizava sobretudo "os gestos mais simples e o cotidiano dos homens do chão de terra seca do Nordeste". Davim informou que o educador estudou no Atheneu Norte-Rio-Grandense, instituição escolar fundada em 1834 e da qual seria, posteriormente, professor e diretor.
Davim informou que Cascudo escreveu biografias de Solano López, Conde d'Eu e do Marquês de Olinda, além dos livros História da Cidade de Natal e História do Rio Grande do Norte. Antes disso, estreou com o livro Alma Patrícia, em 1921, e pouco depois fundou a Sociedade Brasileira do Folclore.
Davim também citou as principais obras de Cascudo, como Dicionário do Folclore Brasileiro, Civilização e Cultura, Antologia do Folclore Brasileiro e História da Alimentação no Brasil. Todas elas "obras essenciais e indispensáveis a todos aqueles que queiram entender o espírito da gente brasileira", nas palavras do senador.
Outros oradores
O líder do DEM no Senado, José Agripino, equiparou a importância da obra de Câmara Cascudo à produção de outro nordestino, o sociólogo Gilberto Freyre, autor de Casa-Grande & Senzala.
Para o senador, Cascudo é um dos orgulhos do povo potiguar. Lembrou também que o educador foi um dos primeiros intelectuais do país a viajar pelo continente africano para pesquisar uma das origens da cultura brasileira.
A ex-senadora e atual governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, disse que Câmara Cascudo era "múltiplo, universal, explicador da alma potiguar e da gente brasileira". Recordou que o folclorista foi classificado como "um provinciano incurável" por nunca ter deixado de morar em Natal, mesmo recebendo vários convites de trabalho de outros estados e até de outros países.
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