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terça-feira, 17 de maio de 2011

Governador Eduardo Campos nega querer Presidência e reafirma apoio a Dilma em 2014

Neto do revolucionário Miguel Arraes (1916-2005), o governador Eduardo Campos (PSB-PE) tem um discurso calculado e conciliador.

Aos 45 anos, preside o Partido Socialista Brasileiro, o que mais cresceu nas últimas eleições. Reeleito com 83% dos votos, ele agora está nos comerciais do partido em rede nacional.

Diz que não está em campanha para a presidência. Promete que apoiará Dilma em 2014 e afirma que não está se descolando do PT. "Não há como descolar o que não está colado".

Ele elogia Lula, mas lembra a todo o momento do legado de Fernando Henrique Cardoso - cujo texto sobre a oposição leu duas vezes.

Nesta entrevista à Folha de São Paulo ele se declara preocupado com a economia e faz uma avaliação da cena política. Confira:

Folha - O senhor é candidato à presidência em 2014?

Eduardo Campos - Não. O cenário para 2014 aponta como natural a candidatura à reeleição da presidente Dilma. Nós estamos no projeto dela. Fizemos uma aliança estratégica com o PT, mantendo nossa identidade. Nunca tivemos uma posição subserviente. Essa posição fez o PSB crescer. Fomos o partido que mais cresceu nas ultimas eleições. Não temos porque alterar esse rumo estratégico. Na política não tem fila.

Folha - Mas há a avaliação de que a sua campanha que está no ar significa um descolamento da presidente. O senhor fala em novo caminho pra o país.

Eduardo - Não há como descolar o que não está colado. Temos uma aliança política, mas temos identidades próprias. O Brasil foi caminhando, conquistamos a democracia, a Constituição, direito a ter regras estáveis, a estabilidade econômica, agora a causa da sustentabilidade, a responsabilidade fiscal. Há um grande consenso brasileiro sobre esses valores. O governo do PSDB ajudou com a estabilidade fiscal. O governo Lula ajudou colocando o dedo na desigualdade. No PSB queremos ser uma opção, um caminho para governar cidades, Estados.

Folha - E a presidência?

Eduardo - E um dia será natural. Acredito que o dia do PSB não é em 2014.

Folha - Que avaliação o senhor faz da cena política, com a base governista inchada e a oposição em crise?

Eduardo - Uma coisa dialoga com a outra. A oposição foi se deslocando da pauta real e foi ficando com uma pauta muito institucional. A campanha foi das mais despolitizadas. Quando isso acontece, quem ganha sai muito fortalecido porque quem perde não deixa um pensamento.

Folha - Isso explica o movimento de Kassab e seu novo partido?

Eduardo - Sim, a falta de perspectiva, depois da terceira derrota consecutiva. Leva naturalmente o governo a ficar muito forte e a oposição muito fragilizada. Isso é constante? Não. Esse quadro é dinâmico.

Folha - Para onde vai isso? A oposição vai se recompor, unificar partidos?

Eduardo - Os grandes movimentos não vieram dos partidos políticos. Vieram da rua. A campanha das diretas, o impeachment, a vitória de Fernando Henrique Cardoso. A oposição vai precisar fazer o debate para encontrar a proposta do futuro.

Folha - No que vai resultar o PSD?

Eduardo - Isso se insere no processo desse conjunto em que Kassab sempre esteve. Como não tinham mais caminho estão tentando se reinserir no quadro político sem ter uma posição automática contra o governo. Na base do governo convivem forças políticas que não são diferentes das forças que estão entrando no PSD.

Folha - Uma base tão ampla e com interesses conflitantes não paralisa o governo?

Eduardo - Uma grande coalizão como essa, num determinado momento, corre o risco de não existir mais e a alternativa é sair da própria base. É um processo cíclico.

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