18/02/2022 17h05
Um dos segredos da vida é compreender que, acima de tudo, ela é um jogo e que as chances de vencer serão muito pequenas se não conhecermos as regras desse jogo. Mas há algo estranho: ninguém nos ensina essas regras. Os métodos de aprendizagem mais utilizados em nossas unidades de ensino são configurados por uma cultura morta e ultrapassada que insiste em explicar infinitamente a Revolução Francesa, a tabela periódica, os motivos que levaram à descoberta da América, o princípio de Arquimedes, a teoria da evolução e assim por diante. Passamos aproximadamente quinze anos na escola e não aprendemos a enfrentar as batalhas diárias da vida de maneira prática, objetiva e realista.
Está claro que, quanto maior for a nossa compreensão das coisas e de nós mesmos, menos fracassos, frustrações e desapontamentos teremos. Quanto melhor nos compreendermos, quanto mais entendermos nossas capacidades, aspirações e talentos, mais bem preparados estaremos para o mundo.
Com o processo de implantação do Novo Ensino Médio, uma esperança surge na concepção de melhoria do currículo escolar. A partir de agora, além da formação geral básica, que compreende as aprendizagens essenciais, há os itinerários formativos, uma estratégia de flexibilização curricular, os quais promovem o aprofundamento e a ampliação das aprendizagens, visando à articulação da instituição escolar aos anseios da comunidade em que está inserida e ao fomento ao protagonismo estudantil.
Não é necessário dizer que essa mudança era premente, posto que boa parte dos estudantes não se sentia conectada com o modelo atual, abarrotado de regras e fórmulas, sem afeto e sem considerar as competências dos próprios discentes.
Da forma como estava, nunca houve a sensação de pertencimento tão necessária a todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, principalmente àqueles que mais precisam de formação integral e de contextualização com a realidade.
Todos temos uma forte necessidade de pertencimento. Agimos no intuito de sentir que fazemos parte de um grupo. Essa necessidade de pertencer a um grupo é poderosa e nos afeta muito mais do que somos capazes de perceber.
Todos nós havemos de nos lembrar de alguma situação em que nos sentíamos sem pertencer a lugar nenhum. Talvez venha a lembrança de ter sido preterido no time da escola, ou a de quando estava numa roda de conversa sem entender nada do assunto em pauta. É possível que tais situações tenham provocado sentimentos de tristeza ou solidão.
A sensação contrária ocorre claramente quando sentimos que fazemos parte de um grupo. Basta olhar para estranhos que se abraçam na hora do gol do time do coração na arquibancada do estádio de futebol. Essa experiência de pertencimento vem acompanhada, provavelmente, de sentimentos de bem-estar e felicidade.
Agora, a expectativa é que os estudantes se sintam integrados às propostas no novo currículo, que tem o “projeto de vida”, campo que busca contribuir com estudantes para seu conhecimento pessoal e tomada de decisões na dimensão pessoal, cidadã e profissional, além das “trilhas de aprofundamento”, as quais devem contemplar o perfil e as expectativas dos estudantes, vinculados ao contexto do mundo hodierno e ao meio que os circunda, com vistas ao exercício da cidadania e à sua inclusão na sociedade.
Nesse sentido, a Assembleia Legislativa, por meio da Escola da Assembleia, sensibilizada e buscando ampliar o alcance da Lei Complementar Nº 494, de 27 de agosto de 2013, que dispõe sobre o Dia Estadual da Educação Cidadã, e na ideia de que a construção de uma cidadania efetiva é um dos objetivos norteadores da ação política nas sociedades de nosso tempo, preparou, laboriosa e paulatinamente, o projeto “Conexão Cidadã”.
As ações do “Conexão Cidadã” buscam contribuir com a ampliação das discussões de temas relacionados à cidadania e que estão presentes no referencial do Ensino Médio Potiguar, cuja implementação deverá ser iniciada em 2022. Nessa perspectiva, o Projeto oferta à sociedade norte-rio-grandense um acervo de material digital e profissionais especialistas em temáticas que possuem um potencial de contribuição no processo de formação integral do cidadão moderno, em especial docentes e discentes da Educação Básica do RN.
É fundamental destacar que as produções científica e tecnológica são essenciais para o desenvolvimento da sociedade, e isso ficou ainda mais evidente durante a pandemia da Covid-19. Daí advém a importância do “Conexão Cidadã” na oferta de profissionais que irão colaborar com os docentes da educação básica no processo de fortalecimento dos conhecimentos sobre temáticas que atendem as competências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e no Referencial Curricular do Ensino Médio Potiguar.
A Escola da Assembleia, com sua equipe pedagógica e com os especialistas recrutados, irá acompanhar e colaborar com a comunidade escolar nas etapas constituintes do projeto. A ideia é contribuir com a formação social, política e científica dos estudantes do Ensino Médio Potiguar!
João Maria de Lima
Diretor da Escola da Assembleia
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