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quarta-feira, 14 de julho de 2021

Após exigência de prova de vacinação para ir a shows e bares, 1,7 milhão de franceses correm para se imunizar contra a Covid

 14/07/2021 05h07

Funcionária confere certificado de vacinação na abertura da 29ª edição do festival de música Les Vieilles Charrues, em Carhaix-Plouguer, no oeste da França – Sammer Al-Doumy – 8.jul.21/AFP

O anúncio do governo francês, na segunda (12), de que um passe sanitário será exigido para frequentar bares e locais de cultura e lazer gerou uma corrida pela vacina no país europeu.

De acordo com o primeiro-ministro francês, Jean Castex, apenas nesta terça (13) 792.339 franceses receberam uma dose do imunizante contra a Covid-19, cifra 23% maior do que a registrada na quinta-feira (8). O recorde anterior era referente ao dia 18 de junho, com 752.795 fármacos aplicados.

A média móvel de vacinas distribuídas por dia vinha crescendo lentamente até 1º de julho, quando passou a cair, segundo dados do site Our World in Data, da Universidade de Oxford. No primeiro dia do mês, esse número chegou a 585.128, mas, na quinta (8), foi a 564.411, voltando a níveis do início de junho.

Após o anúncio, houve também forte procura para agendar a vacinação: mais de 1,7 milhão de franceses, ou 2,5% da população, reservaram um horário na segunda e nesta terça para receber a primeira dose por meio do Doctolib, uma das maiores plataformas do país para agendamentos médicos.

A busca foi tão grande que o site caiu meia hora depois do início do pronunciamento do presidente, às 20h no horário local. Às 21h, eram 20 mil agendamentos por minuto, de acordo com o serviço.

Segundo o médico francês Michaël Rochoy, pesquisador de epidemiologia na Universidade de Lille, boa parte dessas pessoas estava indecisa ou deixando a imunização para depois por uma série de motivos.

As medidas anunciadas em um pronunciamento acompanhado por 22,4 milhões de pessoas, segundo o jornal francês Le Monde, determinam que, para ir a espetáculos, parques de diversão, shows ou festivais a partir de 21 de julho, será necessário apresentar um certificado de vacinação ou teste negativo recente, o tal passe sanitário.

Já para cafés, restaurantes, trens e ônibus de longa distância, a medida valerá em agosto, ainda sem data definida. Ao canal BFM-TV, o ministro da Saúde, Olivier Véran, afirmou nesta terça que não será no primeiro dia do mês, “porque a lei não terá tempo de ser promulgada e totalmente aplicada a partir” dessa data.

Os trabalhadores de locais que recebem público, por sua vez, terão até 30 de agosto para se imunizar, explicou o ministro ao canal France 2, caso contrário terão de se submeter a testes de detecção do coronavírus a cada dois dias “se quiserem continuar a trabalhar.”

Mais cedo, o porta-voz do governo, Gabriel Attal, em entrevista ao Europe 1, justificou a decisão, uma vez que seria incompreensível para muitos franceses exigir um passe sanitário para frequentar esses lugares sem que o mesmo rigor fosse aplicado às pessoas que trabalham nesses locais.

Dona de um restaurante em Saint-Jean-de-Sixt, perto de uma estação de esqui nos alpes franceses, Lucie Genand, 31, viu-se diretamente impactada pela medida. Ela, que retomava o ritmo de trabalho após mais de dois meses sem poder abrir o estabelecimento devido às restrições para conter a propagação da Covid, ainda não se vacinou por medo dos efeitos colaterais. Após o anúncio, precisou rever a decisão.

Os franceses têm, historicamente, receio de se imunizarem. O início da vacinação contra a Covid no país foi permeado de incertezas: 58% da população rejeitava os fármacos, segundo levantamento feito nos dias 22 e 23 de dezembro pelo instituto Odoxa para os veículos Le Figaro e Franceinfo. A pesquisa indicou ainda que um dos principais motivos apontados pelos entrevistados era que “não se vacinar é uma decisão razoável tendo em vista uma nova doença e uma nova vacina”. Hoje, ao todo, 52,6% da população já recebeu ao menos uma dose, e 36,8%, as duas.

FolhaPress

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