O Rio Grande do Norte e suas pérolas…
A jocosa contagem regressiva do ministro Fábio Faria para as 500 mil mortes por covid, neste sábado em sua conta no Twitter, me fez lembrar do episódio recente da política potiguar, e que tirou do cenário a representação da última oligarquia em curso no Rio Grande do Norte. (As outras já tinham ido).
Uma declaração da então prefeita de Mossoró e candidata à reeleição para o 5º mandato, Rosalba Ciarlini, tão jocosa quanto, mudou o rumo do processo eleitoral no segundo maior município do estado.
Foi durante um debate na televisão que, ao ser lembrada pelo deputado-candidato, sobre denúncias de desvio de milhões em sua gestão como governadora, que Rosalba afirmou que se tivesse aqueles 16 milhões apontados pela denúncia feita contra ele pelo Ministério Público Federal, daria para o deputado-candidato Allyson Bezerra, já que ele era “tão pobrezinho”.
Rosalba pisou no calo de Allyson, àquela altura já estudado, concursado, eleito deputado e bem de vida, mas com origem marcada por muita pobreza.
Pisou no calo também de mais da metade do eleitorado, financeiramente falando, muito mais identificado com Allyson do que com Rosalba ou qualquer personagem da oligarquia Rosado que ainda compunha o quadro político do estado depois da saída de Alves e Maia do centro do poder.
O resultado todo mundo viu.
A declaração jocosa e infeliz tirou Rosalba do cenário, e o “menino pobrezinho” hoje governa Mossoró com popularidade acima de 70% como mostram pesquisas.
A contagem regressiva de Fábio Faria para as 500 mil mortes no Brasil (como quem vibra com uma taça de champagne na mão contando de 10 a 1 na virada do ano), e atacando políticos (oi?), artistas (oi?) e jornalistas, pode ter sido a pá de cal no sonho de Fábio voltar a botar seu nome numa urna, seja ela eletrônica ou atrasada como quer Fábio e a turma da qual hoje ele faz parte.
Fábio pisou no calo de milhões de pessoas em uma tuitada de poucos caracteres.
Agrediu mortos, familiares e amigos.
Agrediu as milhares de vítimas do vírus que seguem internadas e intubadas, e seus familiares e amigos cheios de esperança.
Agrediu profissionais de saúde que tentam salvar um número cada vez maior de infectados pelo vírus negado.
Agrediu artistas…
Pessoas do meio que ele tentou integrar, articulando namoros famosos que os levou às muitas capas de revistas como Caras, Contigo, Ti-ti-ti…
Fábio agrediu a maioria da população brasileira.
E pode ter repetido Rosalba.
No cenário nacional, mais uma pá de cal no sonho que é só dele e de mais ninguém – nem de Carluxo – de ser o vice de Bolsonaro na campanha para reeleição do presidente.
No cenário potiguar, o sonho que é quase só dele também, de ser senador da República.
A contagem regressiva para 500 mil mortes, feita por Fábio Faria, pode se transformar, repetindo o efeito Rosalba, na contagem regressiva para uma derrota dele, caso tenha coragem de sair candidato a uma vaga no céu, como é chamado o Senado.
Vai ser fácil para um candidato de oposição a Fábio e ao governo Bolsonaro, brigar contra o candidato que pouco se lixa para a morte e a dor das pessoas.
Por Thaisa Galvão
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