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quarta-feira, 3 de março de 2021

BNDES se desfez de R$ 74 bilhões em ações durante governo Bolsonaro

 O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) já desinvestiu R$ 74 bilhões em ativos durante o governo Jair Bolsonaro. O número já considera a venda das ações da Vale, em 22 de fevereiro.

O banco anunciou na época que não investe mais na mineradora. Até fevereiro deste ano, a instituição tinha 3,57% do capital da empresa na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), com valor de mercado em R$ 11,2 bilhões.

O BNDES passa por um processo de liquidação de seus ativos, promessa do presidente da estatal, Gustavo Montezano. A venda das ações da B3 foram aceleradas durante a gestão Bolsonaro. Montezano assumiu o banco em julho de 2019, depois que Joaquim Levy pediu demissão ao sofrer críticas públicas do presidente.

Montezano, que já era conhecido da família Bolsonaro, disse que reduziria a participação do BNDES em empresas consolidadas no mercado. Na época, o banco tinha uma carteira de quase R$ 110 bilhões. Atualmente, segundo dados estimados pela instituição em fevereiro, e obtidos pelo Poder360, há R$ 62 bilhões.

O presidente do banco afirmou que focaria os recursos em empreendimentos de pequeno e médio porte. Para isso, reduziria os ativos do banco nas empresas de capital aberto. Os desinvestimentos seriam feitos ao longo do tempo para não haver desvalorização das ações das companhias e, consequentemente, ganhos menores para o banco.

De 2012 a 2018, véspera do 1º ano de gestão do atual governo, o banco havia vendido R$ 48,24 bilhões em ativos. Desse total, R$ 19,25 bilhões (ou 39,9%) foram feitos em 2017 e 2018, anos do governo Michel Temer. Em 2019, foram vendidos R$ 17,21 bilhões em ativos.

O BNDES chegou a ter ações de 175 empresas da B3 em 2011, na gestão Dilma Rousseff –criticada por ajudar as empresas classificadas como “campeões nacionais” por parte dos economistas do mercado financeiro. No 3º trimestre de 2020, o número caiu para 89, e ainda não considera os desinvestimentos feito na Vale. Os dados finais do ano serão divulgados no balanço financeiro do 4º trimestre, que ainda não tem data prevista.

Apesar dos desinvestimentos feitos nos 2 últimos anos, o valor estimado da carteira do BNDES é similar ao que custava no fim de 2018, quando era de R$ 69,52 bilhões. A explicação para isso é que, mesmo com menos empresas no portfólio de investimentos, as ações valorizaram ao longo deste período, aumentando os ganhos para o banco de desenvolvimento.

Dados públicos do banco mostram que a venda de ações somaram R$ 52,4 bilhões até setembro de 2020. O Poder360 apurou que, depois disso (outubro de 2020 a fevereiro de 2021), foram vendidos mais R$ 21,6 bilhões

INVESTIMENTOS DESPECAM

A trajetória anual de aportes de recursos do BNDES demonstrou forte queda a partir de 2014. Na parcial de 2020, até setembro, foi de R$ 400 milhões, ultrapassando o ano passado (R$ 300 milhões).

Apesar de diminuir os investimentos nos últimos anos, a remuneração com ativos chegou a R$ 2,56 bilhões em 2020 (até setembro). É metade do que era registrado em 2013.

Os desinvestimentos fazem parte de uma pauta liberal do governo para deixar de intervir no setor privado e reduzir o custo do Estado. Desde 2019, o BNDES devolveu R$ 141 bilhões ao Tesouro Nacional, frutos de empréstimos da União no passado para estimular a economia. Serão pagos mais R$ 38 bilhões nas próximas semanas.

O plano anunciado em 2019 é zerar a carteira de ações até o fim de 2022.

PODER360

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