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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

“Uma estatal seja ela qual for, tem que ter a sua visão de social, não podemos admitir uma estatal, um presidente que não tenha essa visão”, diz Bolsonaro

 Foto: Zito Terres/RPC

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse em visita a Foz do Iguaçu (PR), nesta quinta-feira (25), que não admite presidente de estatal que não tenha “visão de social”.

“O general Silva e Luna foi, não uma surpresa, mas uma realidade, tendo em vista do passado que nós conhecíamos a respeito. Estando a frente dessa estatal binacional ele realmente a conduziu de forma ímpar combatendo desvios, colocando a no rumo da prosperidade, colaborando com o governador do Estado, o senhor Ratinho Junior, colaborando com mais de 30 prefeituras da região, ou seja, uma estatal seja ela qual for, tem que ter a sua visão de social, não podemos admitir uma estatal, um presidente que não tenha essa visão.”

Na sexta-feira passada (19), Bolsonaro indicou Joaquim Silva e Luna, que atualmente comanda a Itaipu Binacional, para assumir a presidência da Petrobras. O presidente tem criticado o que classifica como transparência no preço dos combustíveis e vem buscando uma maneira de conter reajustes.

Sobre a possível gestão de Silva e Luna a frente da Petrobras, Bolsonaro disse “que todos aqueles que dependem do produto da Petrobras vão se surpreender positivamente com seu trabalho quando ele lá assumir”, sem especificar ao que se referia.

O nome ainda deve ser aprovado pelo conselho da empresa, mas a interferência do presidente na estatal gerou reação negativa. Entre a sexta-feira e segunda, a estatal perdeu R$ 100 bilhões em valor de mercado – as ações subiram nos dias seguintes.

Bolsonaro indicou ainda que faria novas mudanças e afirmou que iria “meter o dedo” na energia elétrica. As ações da Eletrobras também registraram queda na segunda.

Visita ao Paraná

Bolsonaro viajou ao Paraná para participar do lançamento de revitalização do sistema de Furnas, que é responsável pela transmissão ao mercado brasileiro da energia que o Paraguai não consome (leia mais abaixo). Ele deixou a cidade às 14h15, no Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu.

A revitalização da linha de transmissão é essencial para reforçar a segurança energética do Brasil para as próximas décadas, pois o sistema de Furnas opera há 36 anos e está no fim da vida útil, conforme a usina.

De acordo com a Itaipu, o investimento será de cerca de R$ 1 bilhão, com aporte da margem brasileira da usina nos próximos cinco anos. Os investimentos serão para modernizar os equipamentos responsáveis pela transmissão de energia.

Durante a cerimônia, o ministro de Minas e Energia destacou a importância das melhorias no sistema de transmissão para o Brasil. Ele ainda destacou os problemas de quando o sistema elétrico apresenta falhas, como ocorreu no Amapá, em novembro de 2020, e no Texas, nos EUA.

“Nos próximos 60 meses as empresas estenderão a vida útil das instalações, dotando de confiabilidade operativa ao sistema de transmissão. Ao modernizar o sistema, estaremos garantindo ao consumidor brasileiro a prestação do serviço adequado de energia elétrica, sem intercorrências. Creio não exagerar, quando afirmo que estamos dando hoje um passo concreto no sentido de incrementar a segurança energética do país.”

A cerimônia também contou com a assinatura do plano expansão de energia, documento publicado anualmente pelo Ministério de Minas e Energia para o planejamento das políticas públicas do governo.

Participou do evento o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o governador do Paraná, Ratinho Junior, o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro (PSD), o deputado federal Vermelho (PSD), o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, o diretor-geral brasileiro da Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, e o diretor-presidente de Furnas, Pedro Eduardo Fernandes Brito, entre outras autoridades.

Desde o início do mandato, esta é a quinta vez que o presidente visita Foz do Iguaçu. A última vinda ocorreu no dia 4 de fevereiro, para a inauguração do Centro Nacional de Atletismo, em Cascavel.

Energia excedente

O Paraguai tem direito a 50% da produção de Itaipu, entretanto, com 15% supre cerca de 90% de consumo de energia do país.

O excedente de produção não utilizado pelo país vizinho é comprado pelo Brasil, segundo a Itaipu. A energia total de usina abastece em torno de 14% de toda a demanda brasileira.

De acordo com a hidrelétrica, a revitalização é considerada estratégica para os dois países, tanto pela garantia de acesso ao mercado brasileiro, como pela segurança energética.

Plano de expansão de energia

O Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE-2030), que será assinado na cerimônia, é um documento publicado pelo Ministério de Minas e Energia.

Ele apresenta uma visão integrada da expansão da demanda e da oferta de recursos energéticos para os próximos dez anos. O documento sinaliza e orienta decisões dos agentes no mercado de energia.

O objetivo do plano é assegurar a expansão equilibrada da oferta energética, com sustentabilidade técnica, econômica e socioambiental.

Sistema de Furnas

Conforme o gerente do Departamento de Operação do Sistema da Itaipu, Rodrigo Pimenta, os sistemas de corrente contínua, que é utilizado em Furnas, são ideais para transmitir energia em longas distâncias, porque têm perdas menores, na comparação com a corrente alternada.

O custo das linhas de transmissão em corrente contínua também é menor, porque utiliza menos cabos e as torres são mais simples.

Quando Itaipu foi construída, o sistema de corrente contínua era a única forma tecnicamente viável de escoar parte da energia produzida pela usina na frequência de 50Hz para o sudeste do Brasil, que passava por grande expansão industrial.

Atualmente, o Brasil conta com mais dois sistemas similares, que são utilizados para ligar usinas localizadas na região norte do país, distantes dos centros consumidores, segundo o gerente.

G1

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