A zika chegou ao Brasil proveniente do Haiti, segundo indicou um novo estudo genético divulgado pela Fiocruz em
Pernambuco, que rastreou os caminhos da doença. De acordo com os
pesquisadores, militares brasileiros que participaram da missão de paz
no país caribenho e imigrantes que vieram para o Brasil podem ter
trazido o vírus. O estudo foi publicado no International Journal of Genomics.
Os cientistas já sabiam que o vírus saíra da Polinésia Francesa, que
havia registrado um surto da doença em 2013. A rota percorrida, no
entanto, era desconhecida. Duas outras hipóteses para a chegada da
doença ao País tinham sido levantadas em estudos anteriores. Uma delas
sustentava que o vírus teria entrado no País durante a Copa do Mundo de 2014.
Outra hipótese indicava que a doença teria chegado durante um
campeonato de canoagem que aconteceu no Rio em agosto daquele mesmo ano.
“Embora tenham sido publicados em revistas científicas, esses estudos
tinham base em especulações, não em dados concretos”, explicou o
pesquisador Lindomar Pena, um dos autores do novo trabalho. “E nosso
objetivo era rastrear o vírus para entender como ele chegou ao Brasil.”
Para rastrear o caminho percorrido pelo vírus, os cientistas usaram
todas as sequências genéticas do zika disponíveis no mundo (um total de
275), estudando, particularmente, o acúmulo de mutações.
Da Polinésia, indica o estudo, o vírus foi levado para a Oceania e
para a Ilha de Páscoa, até chegar à América Central e ao Caribe. Do
Haiti – que registra o vírus ancestral mais parecido com a cepa que
chegou ao Brasil -, o zika entrou no País, inicialmente no Nordeste, mas
também em outras regiões.
“Levantamos, então, duas principais hipóteses: a primeira delas seria
a entrada pelos militares brasileiros da missão de paz no Haiti que,
sabidamente, já tinha contribuído para a introdução do chikungunya”,
afirmou Pena. “Uma outra possibilidade é de ter sido trazido por
haitianos. Desde o terremoto, houve um influxo muito grande de
imigrantes no País.”
Segundo o pesquisador, o estudo revelou que os vírus da dengue 1, 3 e 4 e o vírus chikungunya fizeram
o mesmo caminho do Sudoeste da Ásia até o Brasil. O resultado comprova
que a América Central e o Caribe são importantes rotas de entrada de
arbovírus na América do Sul.
Trata-se de informação estratégica para a vigilância epidemiológica e
para a adoção de medidas de controle e monitoramento dessas doenças,
especialmente em regiões de fronteira, portos e aeroportos.
Números. Este ano, de acordo com o Ministério da Saúde,
foram registrados 5.941 casos prováveis de zika em todo o Brasil, uma
redução de 60,9% em relação ao mesmo período do ano passado (15.214).
ESTADÃO CONTEÚDO

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