O
papa Francisco considerou hoje (24) que a separação de uma família pode
ser “moralmente necessária”, como em casos de violência, sem chegar a
falar especificamente em divórcio. “Há casos em que a separação é
inevitável”, declarou o papa durante a audiência geral das
quartas-feiras na Praça de São Pedro, no Vaticano. “Algumas vezes, ela
[a separação] pode tornar-se mesmo moralmente necessária, quando se
trata de proteger o cônjuge mais frágil ou as crianças das feridas mais
graves causadas pela intimidação e pela violência, a humilhação e a
exploração”, acrescentou Francisco.
O papa insistiu na necessidade de proteger as crianças. “Apesar da
nossa sensibilidade aparentemente evoluída e das nossas análises
psicológicas elaboradas, pergunto-me se não estamos anestesiados perante
as feridas da alma das crianças.” “À nossa volta, vemos diversas
famílias em situações ditas disfuncionais – não gosto desta palavra – e
nos colocamos algumas questões: Como ajudar? Como acompanhar a situação
de modo a que a criança não se torne refém do pai ou da mãe?”, indagou o
papa.
Essas questões, colocadas durante a última audiência geral antes da
pausa de julho, são claramente dirigidas aos padres que vão se reunir em
outubro, no Vaticano, para o sínodo sobre a família. Em um documento de
trabalho para este sínodo, divulgado ontem (23), o Vaticano reafirmou a
indissociabilidade do casamento, ao mesmo tempo que promete facilitar o
acesso a procedimentos para anulação do matrimônio e cita a
possibilidade de “caminhos de penitência” em condições muito rigorosas,
suscetíveis de permitir a comunhão aos divorciados que voltaram a se
casar.
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